quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O escândalo da graça parte 2

Na perspectiva monergista, a Salvação se dá completamente por obra e ação do Deus Eterno, ou seja a obra da Salvação é uma obra de Deus pai. Isso fica amplamente demonstrado na " ordu salutis " ordem da salvação, descrita em Romanos. 8.v.30__"E aos que predestinou, a esses também chamou;e aos que chamou, a esses também justificou, e aos que justificou, a esses também glorificou.
Não existe nada mais complicado no cristianismo bíblico do que a doutrina da graça, até porque quando estudamos a antropologia da religião, observamos que a humanidade sempre procurou religiosamente, agradar a Divindade por meio de sacrifícios, libações, ou obediência sega a ordenanças como meio de agradar a divindade, e quando recebemos, do cristianismo realmente bíblico a afirmação de que pela " graça somos Salvos" ou seja a razão final de nossa salvação é a graça, e que tudo que produzimos, operamos de bem é proveniente dessa ação graciosa de Deus em nossas vidas,( Fil.1.v.6 ); ou seja nós só cumprimos ou realizamos  boas obras pelo fato de ter Deus nos predestinado para o exercício delas ( Efésios.2.v.10 ).
E ainda mais podemos falar abertamente sobre predestinação até porque, o termo é totalmente bíblico, deveríamos temer falar sobre livre-arbítrio, pois se trata de um termo criado por um Herege Chamado Pelágio ( Estabeleceu-se em Roma por volta de 405, depois viajou para África do Norte, continuou a viagem até a Palestina e escreveu dois livros sobre o pecado, o livre-arbítrio e a graçaDa natureza e Do livre-arbítrio.
Suas opiniões foram criticadas violentamente por Agostinho e seu amigo Jerônimo, tradutor e comentarista bíblico, que morava em Belém na Palestina. Foi inocentado das acusações sobre heresia pelo Sínodo de Dióspolis na Palestina em 415, mas condenado como herege pelo bispo de Roma em 417 e 418, e pelo Concílio de Éfeso em 431.
Não se sabe ao certo o ano e o motivo da sua morte, provavelmente foi por volta de 423. É possível que sua condenação pelo Concílio de Éfeso tenha sido após a sua morte.[1]
O pelagianismo

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Suas ideias tornaram-se conhecidas como pelagianismo e, apesar de serem consideradas ortodoxas em dois diferentes concílios e por um dos líderes do romanismo, foram consideradas heresias por causa da enorme influência de Agostinho. Assim como acontecia com os hereges do cristianismo, pouco se sabe a respeito das suas ideias, pois o material produzido era queimado. Sua vida era cheia de mistérios e o que se conhece de seu pensamento é através das citações e alusões feitas em livros que se opõem a ele e o condenam.
Os oponentes de Pelágio, liderados por Agostinho o acusaram de três heresias:
  • Negar o pecado original; (doutrina defendida por Cauvin (Calvino) que ensina que o homem não pode querer a Deus)
  • Negar que a graça de Deus é essencial para a salvação; (negando,não a necessidade, mas o monergismo)
  • Defender que o Homem possui a capacidade de decidir o seu futuro por livre-arbítrio, sem necessariamente depender da graça de Deus baseando-se no fato de pessoas resistirem por sua própria vontade a tudo que se refere a Deus, ao Criador e necessidade de pertencer a ELE.
Sua doutrina a respeito da graça foi combatida por Agostinho de Hipona e considerada herética.) Nota da wikipédia
Em contra partida a Igreja contava com um grande personagem que foi o maior expositor da teologia da graça, Agostinho de Hipona.

Agostinho de Hipona
Possivelmente você pode estar pensando o seguinte: Agostinho não era um “santo católico”? Nos vamos estudar a vida de santos agora? Não. Fique tranqüilo. Porém, há que se perceber que, antes de Lutero afixar as 95 teses contra a venda de indulgências, muita gente morreu por não aceitar os erros da Igreja Católica Apostólica Romana.
Agostinho não morreu martirizado, porém, desenvolveu a Doutrina da Graça de modo tão Bíblico que Calvino o abraçou.
Sendo assim, vamos estudar a vida deste servo de Deus e, como os reformadores fizeram, aproveitar de seus ensinos o que tem respaldo bíblico.
A origem
Agostinho nasceu em 13 de novembro de 354, em Tagasta, na África (hoje Argélia) e faleceu em 28 de agosto de 430 em Hipona. Foi um dos maiores pensadores da Igreja. Era filho de Patrício, homem de recursos, pagão, mundano, mas que se converteu nos últimos  anos de sua vida e de Mônica, cristã que sempre manteve esperanças em relação ao filho, embora Agostinho tenha vivido sensual e desregradamente até os 32 anos, quando ocorreu sua conversão. Fez os estudos secundários em Madauro e estudou retórica em Cartago.
Agostinho foi um aluno brilhante e capaz em Literatura, línguas e retórica (a arte do bem falar). Aos 17 anos ingressou na fase da imoralidade, teve uma amante, e com ela um filho chamado Deodato. Foi muito imoral e mulherengo. Nesta época, ao orar dizia: “Senhor dá-me continência e castidade, mas não hoje”.
A busca pelo conhecimento
A leitura do Hortensius, de Cícero, o despertou para a filosofia. Por esta época aderiu ao Maniqueísmo, do qual falaremos adiante.
Em 383, desiludido com o Maniqueísmo, aproximou-se temporariamente do Ceticismo. Depois de ter ensinado retórica em Cartago e Roma, em 384 foi nomeado professor em Milão, onde, entrou em contato com Ambrósio, bispo desta cidade.
A conversão
Conta-se que, certo dia, no final do verão de 386, num jardim, numa casa de campo em Milão, na Itália, se encontrava Agostinho assentado num barco. Ao seu lado estava um exemplar das epístolas de Paulo. Mas, ele parecia não estar interessado, pois experimentava uma intensa luta espiritual, uma violenta agitação de coração e mente. Levantando-se do banco, foi para baixo de uma figueira. Ali ouviu a voz de uma criança que dizia “toma e lê, toma e lê”. Quando voltou ao banco e abriu a Bíblia, encontrou a passagem de Rm 13.14,15 . Leu e se converteu ao Cristianismo.
Em 387 foi batizado por Ambrósio e , na volta para Tagasta, perdeu sua mãe, Mônica. Este fato lhe causou grande tristeza.
Renunciou, então, a todos os prazeres, depois de grande luta interior, e retirou-se para Cassiaciacum, perto de Milão, para meditar.
Atraído pelo ideal de recolhimento e ascese, resolveu fundar um Mosteiro em Tagasta. De sua cidade natal dirigiu-se para Hipona, no inicio de 391, onde foi ordenado sacerdote, e quatro anos mais tarde, bispo-coadjutor, passando a titular com a morte do bispo diocesano Valério. 
Mesmo assim, não abriu mão do ideal de vida monástica, fundado nas dependências de sua catedral uma comunidade que foi modelo para muitas outras e um centro de irradiação  religiosa.
O mundo em que viveu
Agostinho viveu num momento crucial da história- a decadência do Império Romano e o fim da Antiguidade Clássica. A poderosa estrutura que, durantes séculos, dominou o mundo, desabou pela desintegração do proletariado interno e pelo ataque externo das tribos bárbaras.
Em 410 foi testemunha da tomada de Roma pelos visigodos de Alarico. E, ao morrer, em 430, presenciou o sitio de Hipona por Gensérico, rei dos vândalos, e a destruição do poderio romano na África do norte. Foi nesse mundo convulsionado por lutas internas que Agostinho exerceu o magistério sacerdotal e escreveu sua obra, de tão decisiva importância na história do pensamento cristão.
O pensamento
Escreveu contra os maniqueus, defendeu as autoridades das escrituras, explicou sobre a criação, abordou a origem do mal, debateu sobre a questão do livre-arbítrio, quando então, se tornou um grande defensor da predestinação.
A maior de suas lutas foi contra o pelagianismo; estes negavam o pecado original e aceitavam o livre-arbítrio afirmando que o homem tem o poder de vencer o pecado. Afirmavam que o homem podia pecar ou não pecar, logo, tinha vontade livre. Agostinho por sua própria experiência, percebeu o erro disso.
As obras
Além dos inúmeros sermões e cartas, das volumosas interpretações da Bíblia, além de obras didáticas, de catequese e de polemicas contra várias heresias de seu tempo (maniqueísmo, donatismo, pelagianismo), deve-se mencionar, entre as mais importantes de Agostinho:
As confissões de Agostinho (400), uma autobiografia espiritual em que faz ato de penitência e celebra a glória de Deus; relata nela sua piedade; “Tu nos fizeste para ti e nosso coração está inquieto enquanto não encontrar em ti descanso”.
De Trinitate (400-416), um tratado filosófico e teológico;
Civitas Dei ou cidade de Deus (413-426), uma justificação de fé cristã e teologia histórica, da qual é considerado o fundador. É uma síntese do pensamento filosófico – teológico e político de Agostinho. É considerada pelos críticos como uma filosofia racional da história.
Escreveu-a quando os bárbaros invadiam e Europa e Roma estava sitiada pelos infiéis.
Posições de Agostinho
Agostinho defendeu a imutabilidade de Deus, o princípio da livre criação, isto é, Deus não criou nada por imposição. Sustentou também, ao contrario dos que criam os maniqueístas, que o diabo não era igual em força de Deus. Deus é o único criador, e superior a qualquer força contraria.
Agostinho combateu com grande capacidade as heresias de seu tempo e exerceu decisiva influência sobre o desenvolvimento cultural do mundo ocidental. É chamado de “Doutor da Graça”, pois, como ninguém, soube compreender os seus efeitos. Na sua grande obra “cidade de Deus”, que gastou 13 anos para escrever, afirma: “Dois amores fundaram, pois, duas cidades, a saber: o amor próprio, levado ao desprezo de si próprio, a celestial”.
Isto resume a sua obra.Como disse alguém, “seu símbolo é um coração”. Em chamas e o olhar voltado para as alturas”.
Agostinho foi um pregador incansável (400 sermões autênticos).Grande estudioso e teólogo, seu pensamento estava centrado em dois pontos essenciais: Deus e destino do homem.
Conclusão
Agostinho foi exemplo de alguém que saiu de uma vida confusa e desregrada, para uma vida de total consagração a Deus. O texto de Romanos 13.13,14, transformou sua vida  cheia de pecados e se revestiu de Cristo, na alimentando a carne. Que essa consagração sirva de exemplo para nós.

Assim sendo do mesmo modo que período dos pais apostólicos Deus levantou Agostinho, para contrapor a doutrina da Salvação pelas obras Deus levantou no período da reforma Martinho Lutero na Alemanha, e João Calvino na Suíça para serem fiéis expositores da teologia bíblica da graça, que de fato em confronto com nossa religiosidade Antropocêntrica que nos dirige para uma vida de sacrifícios religiosos que mais semelhança tem com o budismo primitivo do que com o cristianismo do primeiro século, então sem muito a se falar podemos concluir que não existe cristianismo autêntico sem pregação sobre a graça, afinal de contas a reforma protestante possui como grito de liberdade religiosa esta maravilhosa afirmação " sola Gratia " só a graça! enquanto a igreja católica afirmava livremente nos dias de Lutero : fora da igreja católica não há salvação! o protestantismo gritava o contraponto " fora de Cristo e de sua obra de salvação pela graça não há salvação.
Portanto querido leitor pense nisto: Seria a salvação uma obra humana? um Pastor, Bispo, Padre, Papa, pode cancelar a entrada de alguém no reino dos céus? a salvação é possível fora da igreja? ou fora de Cristo?
Que o Espírito Santo te esclareça, minha oração é que você não se escandalize, com a graça mas que você viva a vida cristã seguro de que ainda que merecendo a condenação, o Deus eterno te justificou, mesmo sendo surdo espiritualmente, o Senhor te fez ouvir o seu santo chamado, e ainda mais, mesmo pecador, inimigo de Deus ( Tiago.4.v.4 ) ele já te conhecia, e com base nesse relacionamento de Deus com você, Ele te predestinou ( determinou, o seu destino, pois é esse o sentido literal do termo grego ), para uma eterna glória, que está acima de todo entendimento.   


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